Um Girassol da Cor do Seu Cabelo: A Joia Poética do Clube da Esquina
Sempre que fecho os olhos e ouço os primeiros acordes de “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, sou transportado para a sala da minha infância, onde o toca-discos da família girava o vinil do Clube da Esquina de 1972. Essa música, composta por Lô Borges e Márcio Borges, não é apenas uma canção para mim — é um portal. Um portal para memórias de tardes quentes em Minas Gerais, para o cheiro de café fresco e para um tempo em que a música parecia capaz de pintar o ar com cores que eu nem sabia nomear. Hoje, como apaixonado por MPB e pelo legado do Clube da Esquina, quero compartilhar com você o que torna essa faixa tão especial, desde sua história até os detalhes que me fazem arrepiar até hoje.
O Clube da Esquina: Um Movimento que Nasceu nas Ruas de Belo Horizonte
Antes de mergulhar na música em si, vale lembrar como tudo começou. O Clube da Esquina surgiu nos anos 1960, em Belo Horizonte, quando um grupo de jovens músicos — entre eles Milton Nascimento (Bituca), Lô Borges, Fernando Brant, Wagner Tiso, Ronaldo Bastos, Toninho Horta, Beto Guedes e Márcio Borges — se reuniu para criar algo novo. Era uma época de efervescência cultural no Brasil, com a ditadura militar sufocando liberdades, mas não o talento. Inspirados por Beatles, bossa nova e pelas tradições mineiras, eles forjaram um som único, que misturava harmonias complexas, letras poéticas e uma sensibilidade que parecia brotar das montanhas de Minas. O álbum duplo Clube da Esquina, lançado em 1972, é o marco desse movimento, e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” brilha como uma de suas joias mais delicadas.
A Introdução ao Piano: Um Convite ao Silêncio

Atualmente não tenho mais o Toca-Discos e ouço essa obra-prima no Youtube e/ou Spotify. Quando aperto o play, a primeira coisa que me pega é o piano. Aqueles acordes suaves, quase tímidos, que abrem a música como se estivessem pedindo licença para entrar na minha alma. Não é um piano grandioso ou exibido — é introspectivo, como uma conversa sussurrada entre amigos numa noite estrelada. Ele cria uma cama sonora que me faz parar tudo o que estou fazendo, como se o mundo desacelerasse só para eu ouvir melhor. Para mim, essa introdução é um prelúdio de saudade dos anos 70 e 80, algo que ecoa as tardes em que eu, criança, ficava olhando pela janela enquanto a música preenchia o vazio.
O Arranjo e a Melodia: Uma Dança entre o Simples e o Profundo
O arranjo de “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” é um abraço quente. Depois do piano, entram os violões e uma percussão leve, quase imperceptível, que dá um balanço sutil, como o vento mexendo as folhas. Há camadas de cordas que aparecem discretamente, elevando a emoção sem roubar a cena. E então, a voz de Lô Borges — jovem, cristalina, quase frágil — costura tudo com uma melodia que é simples na superfície, mas carrega uma profundidade que me pega desprevenido toda vez. É uma melodia que não força, não grita, mas se instala no peito como uma lembrança que você não sabia que tinha. Eu sinto ela como um rio tranquilo, que corre devagar, mas te leva longe.
A Letra de Um Girassol da Cor do Seu Cabelo: Poesia que Pinta o Invisível

A letra, escrita por Márcio Borges, é onde eu me perco de verdade. Não vou reproduzi-la inteira aqui (os direitos autorais, você sabe!), mas alguns trechos me atravessam melhores lembranças da adolescência. Quando Lô canta sobre “um girassol da cor do seu cabelo”, eu vejo uma imagem tão viva — um amor transformado em algo natural, solar, quase palpável. É uma metáfora que não explica, só sente. Outro momento que me marca é aquele que fala de um “vestido cor de maravilha nua”. Que escolha de palavras! É como se o tecido fosse feito de sonhos, algo que veste o corpo e a alma ao mesmo tempo. E tem um pedaço que diz “se eu morrer, não chore, não” — não é tristeza, é uma aceitação serena, quase um sorriso diante do inevitável. Para mim, esses versos são pinceladas de um quadro que nunca termina de ser pintado na minha cabeça.
Por Que Essa Música Me Emociona Tanto?
Talvez seja porque “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo” me lembra que a beleza está nas coisas pequenas — um piano que sussurra, uma voz que acolhe, uma letra que não precisa gritar para ser ouvida. Ela me conecta à minha raiz interiorana, àquele tempo em que a música era mais do que som, era um refúgio. E, como fã do Clube da Esquina, vejo nessa faixa o espírito de um movimento que ousou sonhar alto sem perder a ternura.
Se você ainda não ouviu essa música hoje, faça um favor a si mesmo: coloque os fones, feche os olhos e deixe ela te levar. E me conte depois: o que ela despertou em você? Porque, para mim, ela é um girassol que nunca para de girar na direção da luz.
Cd – Milton Nascimento / Lô Borges: Clube Da Esquina (1972)
Programa de Afiliado: Este conteúdo contém links de afiliado do Mercado Livre. Ao clicar e comprar por meio destes links, posso receber uma comissão sem custo adicional para você. Isso ajuda a manter o blog ativo e com conteúdo gratuito. Obrigado pelo apoio!
Click aqui para ir até minha loja de afiliado Mercado Livre com descontos incríveis !
Espalhe por aí…
Veja mais posts no Blog Fast Art Web