Introdução: Minha Conexão com “Clube da Esquina 2”
Eu ainda me lembro da primeira vez que ouvi “Clube da Esquina 2” no álbum A Via Láctea de Lô Borges. Era uma tarde chuvosa, daquelas típicas do interior de São Paulo, e eu estava com fones de ouvido, perdido em pensamentos. A melodia começou suave, quase como um sussurro, e logo os versos de Márcio Borges me acertaram em cheio: uma mistura de saudade, resistência e esperança que parecia falar diretamente comigo. Como fã do Clube da Esquina há anos, essa música sempre teve um lugar especial no meu coração, mas revisitar sua versão de 1979, com a voz de Lô e o toque delicado de sua irmã Solange Borges, é como abrir uma janela para um tempo que não vivi, mas sinto como meu. E sonhos não envelhecem...
Neste artigo, quero compartilhar essa experiência com você. Vamos explorar o histórico de A Via Láctea, mergulhar na riqueza instrumental, no arranjo, na melodia envolvente, na poesia da letra e na interpretação única de Lô e Solange. Se você ama MPB ou quer entender por que o Clube da Esquina é tão reverenciado, vem comigo nessa viagem sonora!
Um Breve Histórico de “A Via Láctea”
A Via Láctea, lançado em 1979, é um marco na carreira solo de Lô Borges e um reflexo da evolução do Clube da Esquina. Após o sucesso do icônico Clube da Esquina de 1972, que ele dividiu com Milton Nascimento, Lô já havia provado seu talento com o Disco do Tênis (1972). Mas foi em A Via Láctea que ele consolidou sua voz autoral, misturando a herança do movimento mineiro com uma abordagem mais pessoal e introspectiva.
O álbum veio num momento de transição. O Brasil vivia os estertores da ditadura militar, e a música popular brasileira buscava novos caminhos após a explosão da Tropicália e da Bossa Nova. Lô, então com 27 anos, trouxe um trabalho que equilibrava leveza e profundidade, com participações de peso como Beto Guedes e Toninho Horta. “Clube da Esquina 2”, faixa que já existia como instrumental no disco de 1972, ganhou letra de Márcio Borges a pedido de Nana Caymmi (que a gravou naquele mesmo ano) e uma nova vida na voz de Lô, acompanhado por sua irmã Solange nos backing vocals. Para mim, ouvir A Via Láctea é como folhear um diário sonoro de uma geração que sonhava alto, mesmo sob tempos difíceis.
A Magia Instrumental: Um Mosaico de Sons

Quando coloco os fones e aperto o play em “Clube da Esquina 2”, a primeira coisa que me envolve é o piano. Ele entra sutil, quase tímido, mas logo se firma como o coração da faixa. Em A Via Láctea, o instrumento é tocado por Lô com uma delicadeza que lembra as paisagens suaves de Minas Gerais — um campo aberto, um rio correndo ao fundo. Esse piano não é apenas um acompanhamento; ele conversa com os outros elementos, como o violão que ecoa o estilo característico do Clube da Esquina, com acordes abertos e harmonias que flertam com o jazz.
A percussão, discreta mas essencial, dá um pulso que me faz imaginar uma caminhada por ruas de pedra. Não é uma batida pesada — é mais como o som de passos leves, acompanhando o “moço” da letra em sua viagem. E então vem a guitarra de Toninho Horta, um mestre que adiciona camadas de texturas sutis, quase como pinceladas num quadro. Esses detalhes instrumentais me transportam para um lugar que não sei nomear, mas que sinto como lar.
O Arranjo: Simplicidade que Encanta
O arranjo de “Clube da Esquina 2” em A Via Láctea é um exemplo de como menos pode ser mais. Diferente da grandiosidade orquestral de algumas faixas do primeiro Clube da Esquina, aqui a produção opta por uma abordagem minimalista, mas rica em nuances. O piano e o violão formam a base, enquanto a percussão e a guitarra entram como coadjuvantes que nunca roubam a cena, mas elevam a experiência.
Os backing vocals de Solange Borges são um toque de gênio. Sua voz, suave e etérea, aparece em momentos estratégicos, como um eco que reforça a emoção de Lô. É como se ela fosse o vento que acompanha o “moço” da letra, soprando leve, mas constante. Esse arranjo me emociona toda vez que ouço, porque parece que cada nota foi colocada ali com um propósito — nada é exagerado, tudo é essencial.
A Melodia: Um Abraço em Forma de Música
A melodia de “Clube da Esquina 2” é daquelas que você não explica — você sente. Ela começa calma, quase contemplativa, e vai crescendo aos poucos, como uma conversa que ganha intimidade. Lô Borges, com sua habilidade de criar linhas melódicas que parecem simples mas são cheias de camadas, faz com que a música flua como um rio — às vezes tranquilo, às vezes com pequenas corredeiras de emoção.
O que me impressiona é como a melodia casa com a letra. Quando Lô canta sobre sonhos que não envelhecem, a linha sobe um pouco, como se quisesse alcançar o céu. E nos momentos mais introspectivos, ela desce, quase sussurrando, como um segredo compartilhado. É uma melodia que me faz fechar os olhos e imaginar um pôr do sol em algum canto de Minas, com girassóis balançando ao vento.
A Letra: Poesia que Toca a Alma
A letra de “Clube da Esquina 2”, escrita por Márcio Borges, é um dos motivos pelos quais eu amo o Clube da Esquina. Ela tem aquela capacidade rara de ser universal e, ao mesmo tempo, profundamente pessoal. Vou destacar alguns trechos que sempre me emocionam, sem reproduzir tudo para respeitar os direitos autorais.
- “Porque se chamava moço / Também se chamava estrada”: Logo no começo, essa imagem me impacta. O “moço” não é só uma pessoa — ele é o caminho, a jornada. Me faz pensar nas vezes que eu mesmo me senti assim, andando sem saber direito para onde, mas seguindo em frente.
- “E sonhos não envelhecem”: Esse é o coração da música para mim. Num Brasil dos anos 70, com repressão e censura, essa frase é um grito de resistência. Sempre que a ouço, sinto um calor no peito, como se alguém estivesse me dizendo que ainda vale a pena sonhar, não importa o tempo que passe.
- “E o rio de asfalto e gente”: Aqui, Márcio pinta uma cena que eu vejo como as ruas cheias de BH, com pessoas lutando, vivendo, resistindo. É uma metáfora tão viva que quase dá para ouvir o barulho da multidão.
Esses versos, aliados à melodia, me fazem sentir parte de algo maior. A poesia de Márcio tem essa força: ela não explica tudo, mas te convida a sentir e imaginar.
A Interpretação: Lô e Solange em Sintonia

A voz de Lô Borges em “Clube da Esquina 2” é como um velho amigo me contando uma história. Ele canta com uma naturalidade que esconde a complexidade do que está transmitindo. Há uma melancolia na sua entrega, mas também uma esperança que brilha nos momentos certos. Quando ele sobe o tom em “sonhos não envelhecem”, eu sinto o peso de alguém que acredita no que está dizendo.
Solange Borges, com seus backing vocals, é a cereja do bolo. Sua voz aparece como um contraponto perfeito, trazendo leveza e um toque feminino que equilibra a introspecção de Lô. Juntos, eles criam uma harmonia que parece um abraço — um diálogo entre irmãos que transcende as notas. Ouvir os dois é como espiar um momento íntimo de cumplicidade, e isso me emociona toda vez.
Por Que “Clube da Esquina 2” Ainda Me Emociona?
Mais de 40 anos depois, “Clube da Esquina 2” em A Via Láctea continua sendo uma das minhas faixas favoritas. Ela tem essa capacidade de me levar de volta a um lugar que não vivi, mas que sinto como meu. O instrumental me acalma, o arranjo me surpreende, a melodia me embala, a letra me inspira e a interpretação de Lô e Solange me conecta a algo humano e verdadeiro.
Se você ainda não ouviu essa versão, te convido a dar uma chance. Coloque os fones, feche os olhos e deixe a música te levar. Para mim, ela é mais que uma canção — é um pedaço da minha história, um reflexo dos meus sonhos e uma prova de que a música mineira do Clube da Esquina ainda tem muito a nos ensinar.
Conclusão: Uma Obra-Prima para Todas as Gerações
“Clube da Esquina 2” em A Via Láctea não é só uma música — é uma experiência. Como fã do Clube da Esquina, eu vejo nessa faixa um resumo do que torna o movimento tão especial: a união de talento, poesia e emoção em algo que atravessa décadas. Espero que este artigo tenha te inspirado a ouvir (ou revisitar) essa obra-prima de Lô Borges e a mergulhar no universo mágico de A Via Láctea. E você, o que sente quando ouve “Clube da Esquina 2”? Deixa aqui nos comentários — adoraria saber!
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