Take on Me do A-ha: A Saga do Hit que se Recusou a Morrer
Poucas canções definem a explosão de criatividade e otimismo dos anos 80 de forma tão instantânea quanto “Take on Me” do A-ha. Basta o riff de sintetizador inicial para que uma enxurrada de imagens e emoções nos transporte de volta: um café, uma história em quadrinhos ganhando vida, um romance desenhado a lápis. A música é um marco da cultura pop, mas por trás de sua fachada de sucesso meteórico, existe uma incrível história de resiliência, fracasso e a aposta visionária em uma tecnologia de animação que mudaria a MTV para sempre.
Este não é apenas o conto de um hit. É a crônica de três jovens noruegueses que se recusaram a desistir de uma melodia que o mundo inicialmente rejeitou. Vamos desvendar as várias vidas de “Take on Me”, explorar a arte revolucionária da rotoscopia em seu videoclipe e entender como a combinação perfeita de som e imagem criou um dos legados mais duradouros da música.
A Longa Estrada de Oslo para Londres: O Sonho Norueguês

A história de “Take on Me” começa muito antes de seu lançamento. Pål Waaktaar e Magne Furuholmen, amigos de infância, já haviam composto o riff de teclado contagiante quando ainda estavam em sua banda anterior, Bridges. A melodia era inegavelmente cativante, mas a música, então chamada de “Lesson One”, ainda não tinha encontrado sua forma final.
Determinados a estourar fora da Noruega, eles se mudaram para Londres e se uniram ao carismático vocalista Morten Harket, cuja impressionante extensão vocal era a peça que faltava. O trio, agora batizado de A-ha, sabia que tinha algo especial, mas convencer a indústria musical seria uma batalha árdua.
A Canção de Duas (ou Três) Vidas: A Luta pelo Hit
O sucesso de “Take on Me” parece inevitável hoje, mas a verdade é que a música fracassou, e não apenas uma vez.
- A Primeira Versão (1984): A primeira gravação oficial, produzida por Tony Mansfield, era mais sombria e atmosférica. Lançada no Reino Unido, foi um fracasso comercial completo, alcançando apenas a posição 137 nas paradas. A gravadora estava desapontada, mas a banda não desistiu.
- A Segunda Tentativa: O executivo da Warner, Andrew Wickham, acreditava no potencial da música. Ele investiu em uma regravação completa, trazendo o produtor Alan Tarney, que deu à faixa a energia pop e a produção polida que conhecemos hoje. Foi Tarney quem sugeriu que a nota alta de Morten no refrão fosse o clímax da música.
Esta nova versão, mais vibrante e otimista, foi lançada novamente. E… fracassou de novo. A música era um sucesso, mas ninguém sabia ainda. Faltava a faísca final para incendiar o mundo.
A Revolução Visual: Como a Rotoscopia Criou um Ícone
A faísca que faltava veio de uma ideia visionária do executivo Jeff Ayeroff: criar um videoclipe que fosse diferente de tudo o que já havia sido visto na MTV. Ele contratou o diretor Steve Barron, que propôs uma técnica de animação ousada e trabalhosa: a rotoscopia.
A rotoscopia é um processo no qual animadores desenham quadro a quadro sobre filmagens de live-action. Para “Take on Me”, Barron filmou a história de uma garota (interpretada por Bunty Bailey) em um café que é puxada para dentro de uma história em quadrinhos por seu herói (interpretado por Morten Harket).
O processo foi monumental. Foram necessários mais de 3.000 desenhos individuais, feitos a lápis pelos animadores Michael Patterson e Candace Reckinger, ao longo de quatro meses. O resultado foi uma fusão mágica e perfeita entre o mundo real e a fantasia dos quadrinhos, uma narrativa visual tão cativante quanto a própria música.
Quando o clipe estreou na MTV, o impacto foi imediato e avassalador. O telefone da emissora não parava de tocar. Desta vez, com o poder do clipe, a canção foi relançada e disparou para o primeiro lugar nas paradas em dezenas de países, incluindo os Estados Unidos.
O Falsete que Conquistou o Mundo
Embora o clipe seja icônico, a música se sustenta por méritos próprios. O arranjo é uma obra-prima do synth-pop, mas é a performance vocal de Morten Harket que eleva a canção a outro patamar.
O famoso refrão, com seu falsete que sobe a alturas impressionantes, não é apenas um gancho melódico; é um feito atlético. A nota aguda e sustentada transmite uma sensação de anseio e urgência que encapsula perfeitamente a letra sobre arriscar tudo por uma chance de amor. É um dos vocais mais desafiadores e reconhecíveis da música pop.
Conclusão: Um Legado Desenhado a Lápis e Sintetizadores
“Take on Me” é muito mais do que um “one-hit wonder” (embora o A-ha tenha tido muitos outros sucessos). É uma lição sobre a importância da perseverança e o poder transformador da inovação visual. A canção representa um momento perfeito na história da cultura pop, onde uma melodia irresistível encontrou a única linguagem visual capaz de traduzir sua magia.
O trio norueguês não apenas criou um hit; eles nos deram um portal para uma fantasia que nunca envelhece. E ao fazer isso, eles desenharam seu nome permanentemente nas páginas da história da música, provando que, às vezes, para ser ouvido, você primeiro precisa ser visto de uma forma que ninguém jamais imaginou.
FAQ: Perguntas Frequentes sobre a Banda A-Ha
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